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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

obesidade infantil


Ritmo de aumento da obesidade infantil 

Da BBC
As estatísticas apontam que a obesidade infantil é a que cresce mais rapidamente no Brasil, e o cenário agravado por mudanças nos hábitos alimentares, ampla oferta de produtos hipercalóricos e menos atividades físicas nas horas de lazer preocupa médicos que lidam com o problema
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do IBGE, indicam que, em 20 anos, os casos de obesidade mais do que quadruplicaram entre crianças de 5 a 9 anos, chegando a 16,6% (meninos) e 11,8% (meninas).
"É de chorar como está vertiginoso o aumento, como o ritmo está maior", diz a nutricionista Inês Rugani, professora da Uerj e sanitarista do Instituto de Nutrição Annes Dias. "A obesidade vem aumentando faz tempo entre os adultos, mas não era observada na infância dessa forma."
"Tratamos a obesidade infantil como uma epidemia pelo ritmo vertiginoso de aumento que está tendo no mundo, e o Brasil está acompanhando esse fenômeno", diz Rugani, apontando que, em contrapartida, o processo de desnutrição está em processo de superação no país.
Quando se consideram também as crianças com excesso de peso, o problema é ainda mais alastrado. De 1989 para 2009, o sobrepeso mais do que dobrou entre meninos, e triplicou entre meninas.
Hoje, um em cada três meninos e meninas de 5 a 9 anos está acima do peso normal para a idade. O fenômeno é grave também entre pessoas de 10 a 19 anos, faixa de idade em que o excesso de peso gira em torno de 20%.
Entre os fatores que levam ao aumento de peso ainda na infância, especialistas destacam mudanças no padrão alimentar, redução da prática de atividades físicas nas horas de lazer e diferentes hábitos nas refeições - não raro feitas de frente para a televisão.
"Os jogos antes eram na rua ou na pracinha, as crianças gastavam energia", diz o endocrinologista pediatra Paulo Solberg. "Hoje, as brincadeiras são no videogame."
"A noção de que elas têm que fazer atividade física é nova, porque antigamente elas faziam naturalmente", acrescenta. "Isso tem que ser passado para os pais e filhos."
Excesso de calorias
O aumento do consumo de alimentos de alto valor calórico, muitas vezes industrializados, também contribui para a obesidade - assim como o hábito de fazer refeições ou lanches fora de casa.
De acordo com dados do IBGE, quase 50% dos adolescentes comem fora de casa no dia a dia. Entre os itens mais consumidos na rua estão salgadinhos (fritos, assados ou industrializados), pizza, refrigerante e batata frita.
"A propaganda de alimentos faz esse apelo também, alimentos mais coloridos, milhares de biscoitos recheados", diz a nutricionista Rosana Magalhães, pesquisadora do departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz.
"Os alimentos processados tendem a ter uma densidade energética absurda e perdem a gama de nutrientes que tinham, ficam muito estéreis", acrescenta.
O custo de ter itens saudáveis na alimentação também pode pesar. Mãe da pequena Mylena, Luciane Queiroz Costa está desempregada e diz ser "entre trancos e barrancos" que consegue ter uma fruta ou legume na geladeira para a dieta da filha, que tem 8 anos e apresenta quadro de obesidade.
"A dificuldade é manter a geladeira com legumes e frutas pelo preço que está", diz Luciane. "Está tudo muito caro, fica complicado."
Há quatro anos, Mylena vem sendo atendida em um projeto de prevenção à obesidade infantil no Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj. Começou recebendo orientação de nutricionistas, e há duas semanas teve sua primeira consulta com endocrinologistas para verificar se tem problemas metabólicos.
As tentações do dia a dia são um dos fatores que dificultam a sua dieta, e a mãe tem dificuldades para controlar a alimentação da filha. Luciane nem sempre resiste às súplicas de Mylena para levá-la a uma rede de lanchonetes.
Tratamento
O tradutor e intérprete inglês Peter Lenny, pai do jovem Thomas John Niskier Lenny, de 13 anos, também enfrenta dificuldades com a alimentação do filho, que há dois anos luta - com sucesso - contra a balança.
"É muito difícil tentar reeducar uma criança em uma cultura que só empurra biscoitos e balas para as crianças o tempo todo", diz
Lenny conta que doces e balas estavam na vida de Thomas "o tempo todo". "Como a turma dele na escola tem 30 crianças, isso dá em média dois aniversários por mês. Ele saía das festas com os bolsos cheios de doce e traçava em dois, três dias", conta.
"A gente sempre quis dar a ele responsabilidade para que aprendesse a administrar as suas coisas. Mas deu no que deu."
Aos 11 anos, Thomas estava acima do peso. Acabou procurando o Instituto Fernandes Figueira (IFF), unidade da Fiocruz que oferece tratamento para obesidade infantil.
"Eu já não aguentava mais, aquilo estava me deixando mal comigo mesmo", diz Thomas. "Quando descobri que não estava só gordinho, e sim com obesidade leve, foi um baque terrível."
Em abril, o jovem recebeu alta da nutricionista e do instrutor de educação física do IFF, após chegar a um peso considerado normal para sua idade.
"Agora estou feliz, fiquei muito satisfeito. A minha autoestima melhorou, tudo melhorou", diz o adolescente, que agora não ouve mais zombarias de colegas na escola e incorporou os cuidados com a alimentação e os exercícios físicos à sua rotina.
Políticas públicas
Para estimular hábitos mais saudáveis entre as crianças, a nutricionista Inês Rugani destaca a importância de políticas públicas para regulamentar tanto a alimentação em cantinas de escolas como para impor restrições à publicidade de alimentos.
Tentativas recentes de regulamentação do setor foram alvo de protestos da indústria. "Se você tem um ambiente que promove a obesidade, não há comportamento adequado que dê conta", avalia Rugani.
Segundo a nutricionista, a palavra-chave no combate à obesidade é prevenção.
"Quando você desenvolve a obesidade na infância e adolescência, a chance de você continuar obeso na vida adulta é muito grande", diz. "Esta deve ser uma prioridade de saúde pública, ainda mais diante do aumento que estamos observando."
"O pediatra é uma peça fundamental no diagnóstico precoce e na orientação dos pais", diz. "Aquela criança gordinha, que a gente achava bonitinha, hoje em dia é vista de outra maneira, porque pode vir a ter problemas de saúde se continuar assim."
Paulo Solberg ressalta a importância de que a criança seja acompanhada por um pediatra, que vai poder apontar quando a criança não está apenas "fofinha, saudável ou forte" - como muitas vezes são vistas pela família - e se está ganhando peso demais.

Obesidade: doença ou padrão de beleza?

Segundo a Medicina Clássica a obesidade é o resultado de aspectos genéticos, ambientais e compotamentais. Mas independente das causas, o ganho de peso está sempre ligado ao aumento da ingestão de alimentos e à redução do gasto energético dessa ingestão, que pode estar ligado a características genéticas ou a uma série de distúrbio clínicos e endócrinos. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios. Isso faz com que o obeso tenha menos expectativa de vida, principalmente quando é portador de obesidade mórbida.

Para muitos Psicanalistas, entre diversas pessoas que procuraram acompanhamento terapêutico para redução e controle de peso, existe uma quantia ínfima, que considerasse o ato de "comer", exclusivamente como prazer ou necessidade orgânica/ física. Quero dizer com isto, que quem sofre com este tipo de distúrbio alimentar, quase sempre, possui razões muito mais profundas que mera "gula". E infelizmente, com a mesma freqüência, é julgado injustamente.

No Brasil, 40% da população têm o diagnóstico de excesso de peso, a maior incidência está entre os adultos, e entre estes, as mulheres. As maiores causas apontadas: sedentarismo, comilança e stress, depois em menor escala: distúrbios orgânicos que levam involuntariamente ao aumento de peso. A Psicanálise não se prende ao ponto de vista estético, físico/ patológico, mas sim a representação simbólica da obesidade e os fatores psicoemocionais que levam a ela. Hoje (nem sempre foi assim) a sociedade sugere que o modelo idealizado é ser magro, e isto coloca esta população de 40% numa condição marginal aos padrões ideais.

No entanto, para a Psicanálise a obesidade só se classifica como um sintoma, a partir do momento que incomoda ao próprio sujeito, do contrário, não. “Comer somente o necessário” está na contramão da programação genética humana, quando pensamos que descendemos de uma civilização primitiva, em que a regra máxima era comer, armazenar energia, para garantir a sobrevivência até a próxima oportunidade de refeição. É muito importante explicar que traçar o vínculo acima não deve servir para legitimar a compulsão pela comida, mas sim para reforçar que a luta contra a compulsão deve ser intensificada porque estamos enfrentando, inclusive nossa própria natureza, obsoleta para nossa realidade, já que hoje o alimento está disponível em maior escala que na pré-história dos antepassados. A grande questão para quem sofre deste tipo de compulsão, ou seja, para quem sente a necessidade “desnecessária” de comer, é perguntar-se: por que estou comendo, o que estou tentando saciar, já que a fome não é? Parece uma disposição óbvia e por isto ineficaz, e admito que para uma grande maioria, de fato é.

Mas questionar-se é o mais importante e o primeiro passo para a compreensão deste “sintoma psicológico”. Dentre as respostas sob a ótica Psicanalítica podem estar (alguns exemplos hipotéticos): - um mecanismo de defesa, criado a partir de um evento traumático, quando há a necessidade de se pôr a margem desta sociedade, a negação em fazer parte dela;- autopunição, usar o próprio corpo como forma de castigar-se inconscientemente por algo;- tentativa de saciar uma fome não orgânica, mas emocional. Comer para tentar preencher um “espaço vazio”;- comer como forma de prazer, porque outras formas são ineficazes ou inexistentes;- conflito inconsciente, arraigado a partir da infância, já que quando se é bebê ou até poucos anos de idade, ser “gordinho” é bonito e “sinal de saúde”, de repente, deixa de ser, e vêm os regimes. Isto, além de ilógico, é cruel. Um exemplo prático, dos exemplos acima é: quando se faz uma cirurgia para redução de estômago, é imprescindível o acompanhamento Terapêutico, não só para ajudar na elaboração (idéia de si mesmo) da nova forma física, mas para impedir que outros transtornos tenham início.

Se, comer constitui a principal fonte de prazer e ela é inibida, isto pode resultar numa inexplicável depressão. Bem, as abordagens acima, são apenas para ilustrar como os fatores psicoemocionais podem influenciar, quando o excesso de peso é indesejado pelo sujeito. Diferentemente dos preceitos sociais, a Psicanálise não classifica padrões e nem julga modelos, ela busca fazer com que o sujeito tome contato, identifique-se e harmonize-se com seus próprios desejos, neste caso, sejam eles: “gordo ou magro”.

http://aleyamazaki.blogspot.com/2011/01/obesidade-doenca-ou-padrao-de-beleza.html

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