Baseado no conto de Rosa, Caetano Veloso
compôs “A terceira margem do rio”, cuja letra
apresentamos a seguir.
“Oco de pau que diz: eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz, risca certeira
Meio a meio o rio ri, silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz: risca terceira
Água da palavra, água calada, pura
Água da palavra, água de rosa dura
Proa da palavra, duro silêncio, nosso pai,
Margem da palavra entre as escuras duas
Margens da palavra, clareira, luz madura
Rosa da palavra, puro silêncio, nosso pai
Meio a meio o rio ri por entre as árvores da vida
O rio riu, ri por sob a risca da canoa
O rio riu, ri o que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi a voz das águas
Asa da palavra, asa parada agora
Casa da palavra, onde o silêncio mora
Brasa da palavra, a hora clara, nosso pai
Hora da palavra, quando não se diz nada
Fora da palavra, quando mais dentro aflora
Tora da palavra, rio, pau enorme, nosso pai”
Comparando ambos os textos, analisa as
seguintes afirmativas, que contemplam elementos
importantes e recorrentes em ambos.
I. O modo como foi descrito o pai na música é um
contraponto de ironia para com o pai retratado
no conto: um indivíduo bonachão que, por
motivo desconhecido, ensandece.
II. A terceira margem, no conto, é a linguagem,
que, ao invés de aproximar as pessoas, acabou
as afastando, dada a erudição do filho
contraposta à variante popular e à regional
utilizadas pelo pai.
III. O rio, em ambos, representa a morte. No conto,
isso fica bem evidente na cena em que o velho
parte para nunca mais ter contato com o filho.
Quanto às afirmativas,
(a) apenas a II está correta.
(b) apenas a II e a III estão corretas.
(c) apenas a I e a II estão corretas.
(d) nenhuma delas está correta.
(e) todas elas estão corretas.
(f) I.R.
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