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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sala lotada impede o aprendizado? Olha só: minha aluna Ellen diz que não.


Primeiro, o texto da Folha de São Paulo. Abaixo dele, a opinião de minha querida aluna Ellen, que mandou resposta por e-mail.       
Fonte: Folha da SãoPaulo
(...)

Em turma cheia, professor não ouve alunos e chega a dar faltas
NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mães de alunos da escola estadual Washington Alves Natel, no Grajau (periferia na zona sul da capital), Rosana Fátima Cardoso e Graci Costa contam que se surpreenderam com o número de faltas que os filhos levaram.
“Ele fica no fundo da sala e me disse que o professor não escuta quando ele responde a chamada”, afirmou Rosana, cujo filho estuda no quinto ano do ensino fundamental. No Censo Escolar federal, o colégio consta na lista de unidades com mais alunos que o recomendado.
A Secretaria da Educação diz que ao final do ano entregará nova unidade na região.
Na escola Parque Nações Unidas, perto da estrada de Taipas (zona norte), uma turma do primeiro ano do ensino fundamental possui oito alunos a mais que o indicado. “O ideal seria menos, já que está começando a alfabetização”, afirmou a diretora, Sandra Regina de Souza.
OUTRO LADO: Governo diz ter dificuldade para fazer novas escolas
Secretaria da Educação afirma que há locais onde não há terrenos que estão disponíveis para construir colégios
A Secretaria Estadual da Educação de SP reconhece que ainda há muitas escolas com turmas acima do recomendado, mas afirma que a situação tem melhorado.
Segundo a pasta, nos últimos quatro anos (gestões Serra e Alckmin), foram abertas 150 mil vagas, num investimento de R$ 383 milhões.
Os dados oficiais mostram também que, em dois anos, caiu em 28% a proporção de estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental em salas superlotadas. No segundo ciclo do fundamental, a queda foi de 15%. Mas cresceu 6% no ensino médio.
O governo diz que uma das principais dificuldades para reduzir o tamanho das turmas é encontrar terrenos em áreas de proteção ambiental para construção de escolas.
“Nesses locais, não podemos construir, mas a população está ali. Temos de encontrar terrenos em áreas próximas. É uma busca constante”, disse o chefe de gabinete da pasta, Fernando Padula.
“Uma opção seria transportar os alunos para escolas menos carregadas. Mas entendemos ser melhor colocar um ou dois alunos a mais na turma do que deixá-los uma hora ou mais no trânsito.”
Segundo a secretaria, depois de encontrados os terrenos, vêm os entraves burocráticos (como desapropriação e licitação), que atrasam a entrega da unidade.
Padula destaca que, em 2008, a própria pasta decidiu reduzir os limites das turmas. A recomendação previa cinco alunos a mais nas turmas.
“Impusemos metas mais ambiciosas para nós. No padrão anterior, quase não haveria salas acima do recomendado.”

ANÁLISE: Efeito do tamanho da turma no desempenho não é conclusivo
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Se quiser iniciar uma boa polêmica educacional, tudo o que tem a fazer é afirmar que o número de alunos em sala de aula não afeta o desempenho acadêmico. Pais, professores e pedagogos dirão que você enlouqueceu.
Apenas um punhado de economistas o defenderá, oferecendo algumas estatísticas que apoiariam sua tese.
A polêmica tem razões psicológicas, ideológicas e metodológicas. Para começar, é difícil ir contra a intuição básica de que, quanto menor for a turma, mais atenção individual. O problema com intuições é que, embora sejam altamente convincentes, nem sempre estão corretas.
Em termos ideológicos, o debate é carregado porque, para apoiar a teoria de que os EUA deveriam deixar de colocar mais dinheiro no sistema público de ensino e passar a cobrar resultados, grupos conservadores usaram e abusaram de trabalhos econométricos, o que tornou automaticamente suspeitos todos os economistas que falam sobre educação.
A principal dificuldade para estimar o peso real do tamanho da classe, porém, é de ordem metodológica. Não é nada trivial isolar esse fator das demais variáveis.
Um exemplo simples: a maioria prefere turmas menores, mas os ricos têm mais sucesso que os pobres em consegui-las para seus filhos; o resultado é que as classes pequenas tendem a ter uma super-representação de ricos, e a condição social é uma das principais variáveis de sucesso escolar.
O resultado desse e de muitos outros fatores de confusão é que todos os trabalhos que tentaram medir a influência do tamanho da classe são vulneráveis a críticas.
Não obstante, os estudos de melhor qualidade apontam um efeito que vai de pequeno a nulo. O mais favorável à redução das turmas é um trabalho feito no Tenessee nos anos 80, que indicou que o estudante posto numa turma pequena aprende por ano o equivalente a um ou dois meses a mais do que o colega alocado na sala cheia.
Na melhor das hipóteses, o tamanho das turmas é um fator difícil de medir. Só isso já significa que ele não é uma bala mágica capaz de resolver os problemas da educação. Pode até ter algum efeito, mas ele provavelmente é bem menor do que o sugerido por nossas instituições (...).
.......................
A resposta da Ellen em coloração azul
Uma questão de qualidade                            Quando se trata de educação, um dos maiores clichês é dizer que salas super lotadas comprometem o bom aprendizado. Alguns cursos pré-vestibulares são os melhores exemplos de que isso não passa de uma reclamação sem fundamento. Nesses lugares, geralmente, as salas são formadas por mais de 200 pessoas e, mesmo assim, consegue-se obter um bom nível de aprendizado. O problema da educação pública é muito mais qualitativo do que quantitativo. Sim, faltam escolas, salas, professores, carteiras... mas falta qualidade de ensino.  





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