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Desta vez vamos falar de um herói um pouco mais antigo, um herói que vive em uma época muito distan-
te. Esse herói ao qual me refiro é um dos que vivem em nossas mais remotas lembranças do tempo da infância. De quando o mundo não se dividia em bem e mal.
Mas em um tempo em que nós mesmos queríamos muito viver, posso dizer que ele de certo modo sempre vivera dentro de cada herói que eu comentar nesse blog. Ele é de certa forma foi um dos primeiros heróis que se tem registro. Hercules apesar de ser um mito, é muito importante, pois é a personificação dos heróis antigos. Dos tempos em que a única coisa que se tinha era a própria esperança.
Apesar de eu conhecer muitas bem as diferenças entre Heróis e Anti- Heróis confesso que fico em duvida se ele é realmente um herói ou se ele é um herói.
Eu posso dar muitos motivos para os dois casos, mas não é esse o meu papel agora, o meu papel é dizer sua personalidade e como ela tem relação com quem gosta dele, ou tem ele como seu herói preferido.
Podemos começar com a pronuncia, se vocês ouvirem Hercules se refere ao romano e Heracles ao grego. Mas por que essa diferença? Existe diferença?
Pra ser sincero, uma pequena diferença, pois Heracles era grego e esse é seu nome em grego, foi criado na Grécia. E ganhou seu nome romano, Hercules, como ficou mais conhecido. E também existe outra diferença, quando Hercules era só grego, atendia as historias gregas e se juntava apenas a mitologia grega, com a entrada dos romanos. A coisa mudou de figura, já que começou atender as vontades romanas, e se misturar a diversas mitologias. Como as mitologias celtas, mas não é essa a questão. A questão é que conseguiram manter uma coisa dele por muitos anos. A sua essência, todos nós assim que ouvimos falar de Hercules, já sabemos que ele é aquele cara forte e destemido. E ate pensamos que ele nunca fez nada de mal. Mas também não estou aqui para falar disso.
Heracles como disse antes é a essência de todo herói pois ele carrega consigo um sentimento humanitário, o sentido de justiça. Para aqueles que já conhecem a historia de Hercules, saberão que ele é bem justo e amável. Tudo bem, não é pra tanto, ele é realmente um pouco duro mas nem um pouco rancoroso, mas qual a verdadeira historia de Hercules?
Hercules era um garoto como todos os outros a diferença é sua força descomunal e seu pai Júpiter (ou em grego Zeus) que o concebeu com uma humana, chamada Alcmena.
Sua personalidade é de uma pessoa justa e sincera, com um pouco energia excessiva. Bom esse é o Hercules, ou Heracles
.http://rickcesarjoker.wordpress.com/
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1.
Quando eu era
criança, passava todo o tempo
2.
desenhando
super-heróis.
3.
Recorro ao
historiador de mitologia Joseph Campbell,
4.
que diferenciava as
duas figuras públicas: o herói
5.
(figura pública
antiga) e a celebridade (a figura
6.
pública moderna).
Enquanto a celebridade se
7.
populariza por viver
para si mesma, o herói assim
8.
se tornava por viver
servindo sua comunidade.
9.
Todo super-herói deve
atravessar alguma via crucis.
10.
Gandhi, líder
pacifista indiano, disse que, quanto
11.
maior nosso
sacrifício, maior será nossa conquista.
12.
Como Hércules, como
Batman.
13.
Toda história em
quadrinhos traz em si alguma coisa
14.
de industrial e
marginal, ao mesmo tempo e sob o
15.
mesmo aspecto. Os
filmes de super-herói, ainda que
16.
transpondo essa
cultura para a grande e famigerada
17.
indústria, realizam
uma outra façanha, que
18.
provavelmente sem
eles não ocorreria: a formação
19.
de novas mitologias
reafirmando os mesmos ideais
20.
heróicos da
Antigüidade para o homem moderno.
21.
O cineasta italiano
Fellini afirmou uma vez que Stan
22.
Lee, o criador da
editora Marvel e de diversos heróis
23.
populares, era o
Homero dos quadrinhos.
24.
Toda boa história de
super-herói é uma história
25.
de exclusão social.
Homem-Aranha é um nerd,
26.
Hulk é um monstro
amaldiçoado, Demolidor é um
27.
deficiente, os X-Men
são indivíduos excepcionais,
28.
Batman é um órfão,
Super-Homem é um alienígena
29.
expatriado. São todos
símbolos da solidão, da
30.
sobrevivência e da
abnegação humana.
31.
Não se ama um herói
pelos seus poderes, mas pela
32.
sua dor. Nossos olhos
podem até se voltar a eles por
33.
suas habilidades
fantásticas, mas é na humanidade
34.
que eles crescem
dentro do gosto popular.
Os superheróis que não sofrem ou simplesmente
trabalham
35.
para o sistema
vigente tendem a se tornar meio bobos,
36.
como o Tocha-Humana
ou o Capitão América.
37.
Hulk e Homem-Aranha
são seres que criticam
38.
a inconseqüência da
ciência, com sua energia
39.
atômica e suas
experiências genéticas. Os X-Men nos
40.
advertem para a educação
inclusiva. Super-Homem
41.
é aquele que mais se
aproxima de Jesus Cristo, e
42.
por isso talvez seja
o mais popular de todos, em seu
43.
sacrifício solitário
em defesa dos seres humanos, mas
44.
também tem algo de
Aquiles, com seu calcanhar que
45.
é a kriptonita.
Humano e super-herói, como Gandhi.
46.
Não houve nenhuma
literatura que tenha me
47.
marcado mais do que
essas histórias em quadrinhos.
48.
Eu raramente as leio
hoje em dia, mas quando assisto
49.
a bons filmes de
super-heróis eu lembro que todos
50.
temos um lado ingênuo
e bom, que pode ser capaz
51.
de suportar a dor da
solidão por um princípio.Adaptado de Fernando Chuí.
A inteligência do herói estava muito perturbada.
Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas
ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele
diacho de sagüi-açu
2
(...) não era sagüim não, chamava
elevador e era uma máquina. De-manhãzinha
ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas
sopros roncos esturros não eram nada disso não,
eram mas cláxons
3
campainhas apitos buzinas e
tudo era máquina. As onças pardas não eram onças
pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés
dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os
boitatás
4
as inajás
5
de curuatás
6
de fumo, em vez eram
caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos
relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas
postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era
só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em
quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando
assuntando maquinando numa cisma assombrada.
Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa
de deveras forçuda, Tupã
famanado que os filhos da
mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira
que a Mãe-d’água
, em bulhas
de sarapantar
.
Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser
também imperador dos filhos da mandioca. Mas as
três cunhãs
deram muitas risadas e falaram que
isso de deuses era gorda mentira antiga, que não
tinha deus não e que com a máquina ninguém não
brinca porque ela mata. A máquina não era deus
não, nem possuía os distintivos femininos de que o
herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia
com eletricidade com fogo com água com vento com
fumo, os homens aproveitando as forças da natureza.
Porém jacaré acreditou? nem o herói!
(...)
Macunaíma passou então uma semana sem comer
nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória
dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina
era que matava os homens porém os homens é que
mandavam na Máquina... Constatou pasmo que os
filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem
força da máquina sem mistério sem querer sem fastio,
incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava
nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no
terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma
concluiu:
— Os filhos da mandioca não ganham da máquina
nem ela ganha deles nesta luta. Há empate.
Não concluiu mais nada porque inda não estava
acostumado com discursos porém palpitava pra
ele muito embrulhadamente muito! que a máquina
devia de ser um deus de que os homens não eram
verdadeiramente donos só porque não tinham feito
dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade
do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento
dele sacou bem clarinha uma luz: os homens é que
eram máquinas e as máquinas é que eram homens.
Macunaíma deu uma grande gargalhada. Percebeu
que estava livre outra vez e teve uma satisfa mãe.
MÁRIO DE ANDRADE
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Um Herói não se DeclaraAquele que se expõe à morte deve estar à altura de incutir à sua época a força da exasperação. Se, pois, vejo um homem até então completamente desconhecido dos seus contemporâneos aparecer afirmando que está pronto a sacrificar a sua vida e a enfrentar a morte, muito tranquilamente então (...) eu demitiria este profeta. Nunca um tal homem chegaria ao ponto de ser condenado à morte pela sua época, ainda que, por outro lado, tivesse realmente a coragem de morrer e a isso estivesse disposto. Ele não conhece o segredo; pensa evidentemente que os seus contemporâneos, os mais fortes, se encarregarão da execução, quando ele deveria ser de tal modo superior ao seu tempo que não o deixasse, permanecendo ele próprio passivo, cumprir sozinho o seu trabalho de tal modo superior que Não lho indicasse mas livremente o constrangesse a sair-se bem dele. Os juízes costumam deixar dormir a pena capital quando um infeliz desgostado com a vida deseja a morte, e tal é também a sabedoria desta geração: que prazer teria ele em ter feito perecer este herói!
A inteligência do herói estava muito perturbada.
Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas
ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele
diacho de sagüi-açu
2
(...) não era sagüim não, chamava
elevador e era uma máquina. De-manhãzinha
ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas
sopros roncos esturros não eram nada disso não,
eram mas cláxons
3
campainhas apitos buzinas e
tudo era máquina. As onças pardas não eram onças
pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés
dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os
boitatás
4
as inajás
5
de curuatás
6
de fumo, em vez eram
caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos
relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas
postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era
só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em
quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando
assuntando maquinando numa cisma assombrada.
Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa
de deveras forçuda, Tupã
famanado que os filhos da
mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira
que a Mãe-d’água
, em bulhas
de sarapantar
.
Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser
também imperador dos filhos da mandioca. Mas as
três cunhãs
deram muitas risadas e falaram que
isso de deuses era gorda mentira antiga, que não
tinha deus não e que com a máquina ninguém não
brinca porque ela mata. A máquina não era deus
não, nem possuía os distintivos femininos de que o
herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia
com eletricidade com fogo com água com vento com
fumo, os homens aproveitando as forças da natureza.
Porém jacaré acreditou? nem o herói!
(...)
Macunaíma passou então uma semana sem comer
nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória
dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina
era que matava os homens porém os homens é que
mandavam na Máquina... Constatou pasmo que os
filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem
força da máquina sem mistério sem querer sem fastio,
incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava
nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no
terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma
concluiu:
— Os filhos da mandioca não ganham da máquina
nem ela ganha deles nesta luta. Há empate.
Não concluiu mais nada porque inda não estava
acostumado com discursos porém palpitava pra
ele muito embrulhadamente muito! que a máquina
devia de ser um deus de que os homens não eram
verdadeiramente donos só porque não tinham feito
dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade
do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento
dele sacou bem clarinha uma luz: os homens é que
eram máquinas e as máquinas é que eram homens.
Macunaíma deu uma grande gargalhada. Percebeu
que estava livre outra vez e teve uma satisfa mãe.
MÁRIO DE ANDRADE
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“Me mostre um herói e eu te escrevo uma tragédia.”
F. Scott Fitzgerald
F. Scott Fitzgerald
Um trágico ataque à uma escola carioca essa semana fez 12 vítimas fatais e um herói.
O cidadão grego comum da antiguidade diria que um herói não poderia ser criado tendo em vista que os seus heróis eram fruto da união de deuses e humanos. Nosso homem grego então passaria horas falando sobre os feitos de homens como Hércules, Jasão, Perseu, Aquiles, entre outros, dependendo de quem fosse o seu favorito. Divindade, coragem, força, lealdade e justiça seriam apenas algumas das qualidades atribuídas a esses homens.
A mente intelectual moderna interpretou a mitologia como um descuidado esforço primitivo para explicar o mundo natural (Frazer). Foi Thomas Carlyle que em 1841 introduziu a ideia do herói como um Homem Grandioso cuja vida se mistura à história da humanidade em algum ponto e muda o seu curso para sempre. De acordo com ele, os heróis são intrinsecamente constituídos da mesma matéria: uma alma grandiosa, abertura para o significado divino da vida, e a propriedade para falar, cantar, lutar ou trabalhar por isso de forma vitoriosa e incansável.
Um século depois dele, Sidney Hook definiou grandeza como algo que precisa envolver algum tipo de talento extraordinário, não somente a sorte de nascer e de estar presente no lugar certo num momento feliz, contradizendo a partir disso, todas as formas de determinismo.
Hook dividiu os homens em dois tipos: ‘homens de oportunidade’ e homens ‘criadores de oportunidades’. O homem de oportunidade seria qualquer homem cujas ações pudessem influenciar o curso de determinados acontecimentos que de outra forma permaneceriam imutáveis, enquanto o homem criador de oportunidades poderia ser descrito como o homem cujas ações são consequências de extraordinária vontade, capacidade, inteligência ou caráter, ao invés de meros acidentes de localização.
Em sua análise brilhante do heroísmo, outro detentor de uma mente inspiradora, Joseph Campbell conclui que a antiga herança humana dos rituais, da arte, da moralidade está em decadência nas sociedades progressivas, reforçando o que Nietzsche já havia dito antes dele nas palavras de Zarathustra: ‘Todos os deuses estão mortos’. Os mistérios perderam força, os símbolos perderam interesse, o significado foi das mãos do grupo às mãos dos indivíduos. “O homem é a estranha presença com a qual as forças do egoísmo precisam chegar a um acordo, através da qual o ego precisa ser crucificado e ressuscitado, e em cuja imagem a sociedade precisa ser reformada”, disse ele.
Heroísmo hoje é mais uma palavra cujo significado vem sendo transformado e corrompido pela necessidade social de uma resposta para problemas criados pelo homem com os quais o próprio homem não pode lidar.
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